Das 100 Maiores Empresas Brasileiras, quantas são empresas familiares? Qual o segredo do sucesso?
- Em 30/04/2024
Anualmente, publicam-se as pesquisas em que, de acordo com seu faturamento, são eleitas as maiores empresas do Brasil. Petrobras, JBS, Vale do Rio Doce, Raízen, Vibra, Cosan, Ultrapar. Braskem, Cargill e Marfrig são algumas das 100 maiores empresas brasileiras.
Dentre essas 100, você sabe quantas e quais, hoje, são empresas familiares?
Apenas JBS, Marfrig, Gerdau, Votorantim, Companhia Siderúrgica Nacional, Magazine Luíza, Cosan, Energisa, WEG, Amaggi Raia Drogasil e Porto Seguro são empresas familiares e somente uma delas, a JBS está entre as 10 maiores.
Se analisarmos, lado a lado, este dado com a análise do IBGE, segundo a qual as empresas familiares são responsáveis por 65% do PIB brasileiro e por 75% dos postos de trabalho, conforme dados dos meses de maio e junho de 2022, questionamos só haver 10 empresas familiares entre as 100 maiores empresas brasileiras.
Ou podemos analisar a questão por outra perspectiva, o que essas 10 empresas familiares fizeram de diferente, para se destacar?
Hoje, vamos conversar um pouco sobre a história e o potencial das empresas familiares no Brasil:
- As empresas familiares na economia brasileira;
- A receita de sucesso de empresas familiares de destaque
- Magazine Luiza;
- Resistindo aos obstáculos
- Amaggi; e
- Grupo Cosan.
- Arquitetura Sucessória:
- A importância da profissionalização da gestão; e
- Preparando herdeiros e sucessores.
- Investindo no Planejamento Sucessório.
As empresas familiares na economia brasileira
Segundo dados do IBGE, 90% das empresas brasileiras têm perfil familiar, sendo responsáveis por 65% do PIB nacional e por 75% dos empregos.
Porém, apenas 30% delas chega à 3ª geração e somente 15% sobrevive à sucessão de 3 gerações.
Do ranking das 100 maiores empresas brasileiras, diversas já foram empresas familiares, sendo vendidas a investidores ou concorrentes, em algum momento de sua história como, por exemplo, Grupo Pão de Açúcar, BRF (que inclui a Sadia e Perdigão, que eram empresas familiares), Suzano Celulose e Klabin.
Mas, o que faz com que tão poucas empresas familiares permaneçam como tal ao longo das gerações futuras?
Entre os desafios mais comuns estão:
- O apego e a centralização excessiva de poder.
- A sobreposição de papéis.
- A dificuldade de reconhecer e trabalhar as próprias limitações pessoais.
- A falta de um planejamento sucessório adequado.
Tais desafios refletem-se em:
Conflito familiar: conflitos familiares podem se estender para o ambiente de trabalho, prejudicando as relações profissionais. Disputas sobre liderança, responsabilidades e decisões estratégicas podem criar um ambiente pouco favorável.
Nepotismo e favoritismo: o nepotismo é uma ameaça real em empresas familiares, onde a promoção de membros da família com base em laços sanguíneos, em vez de méritos, pode minar a moral da equipe e prejudicar o desempenho geral.
Resistência à mudança: valorizar a tradição não deve se confundir com resistência à mudança. Empresas familiares podem ter dificuldade em adotar novas tecnologias ou estratégias inovadoras e assim ficar em desvantagem competitiva.
Falta de profissionalismo: a sobreposição de relações familiares e profissionais pode levar a um ambiente onde as fronteiras entre o pessoal e o profissional se tornam nebulosas, prejudicando a eficiência e a objetividade.
Então, te convidamos agora a entender alguns casos de sucesso na transição dos negócios familiares para as gerações futuras.
A receita de sucesso de empresas familiares de destaque
Por sua vez, há empresas familiares que resistiram ao tempo, às crises e à mudança de gerações.
Empresas familiares como Droga Raia, Magazine Luíza, Grupo Votorantim e a Lupo sobreviveram às crises e guerras e cresceram em um ambiente político econômico instável.
Vamos observar tais empresas primeiramente pelo viés dos fatores externos como crises político-econômicas, guerras e conflitos.
Crises certamente representam um grande desafio, mas também podem ser vistas como oportunidade de negócios, na medida em que para se adaptar a novos nichos de mercado podem ser explorados.
A Droga Raia, fundada em 1905, por exemplo, em meio à Gripe Espanhola (1917 – 1918), notou a procura por medicamentos e atendimentos durante a madrugada e passou a atender 24 horas por dia.
A Lupo, empresa centenária do setor têxtil, conhecida pela fabricação e comercialização de meias, durante a pandemia do COVID 19 investiu na inovação tecnológica para aprimorar as vendas no mundo digital e melhorar sua eficiência e a experiência do consumidor.
Ainda, ao observar a necessidade do mercado por máscaras faciais, destinou parte de sua produção ao desenvolvimento e fabricação de máscaras. O que, em conjunto com a inovação tecnológica, levou ao crescimento da marca, por meio do aproveitamento de capacidade produtiva ociosa.
Podemos depreender destas duas histórias de sucesso que sobrevivência e crescimento podem vir da observação e compreensão da realidade para se buscar oportunidades!
Acima, falamos apenas de alguns casos de sucesso, há tanto outros que podem ser analisados como da Granado ou Havaianas.
Magazine Luiza
O Magazine Luiza foi fundado em 1957 pelo casal Luiza Trajano Donato e Pelegrino José Donato, como uma pequena loja de presentes chamada “A Cristaleira”.
O nome Magazine Luiza surgiu a partir de um concurso cultural em uma rádio de Franca/SP.
Em 1976, o Magazine Luiza expandiu suas operações, abrindo suas primeiras filiais em cidades do interior de São Paulo, graças à dedicação e comprometimento de Luiza Trajano Donato e Pelegrino José Donato. A expansão se estendeu por duas décadas até o Triângulo Mineiro.
Luiza e Pelegrino, ao longo dos anos, planejaram a sucessão dos negócios e, em 1991, Luiza Helena Trajano assumiu a liderança do Magazine Luiza. Porém, sua trajetória dentro da empresa começou muito antes disso.
Desde os 12 anos, durante as férias escolares, Luiza Helena Trajano já trabalhava na empresa, passando a compor o quadro de funcionários aos 18 anos. Ela passou por todos os departamentos da empresa até assumir a superintendência em 1991.
No ano 2000, foi lançado o site de comércio eletrônico.
Em 2008, quando a empresa completou 50 anos de fundação, inaugurou 44 lojas na cidade de São Paulo.
Em 2009, Luiza iniciou o processo de profissionalização da gestão da Magazine Luiza, buscando no mercado profissionais cujo talento e conhecimento pudessem agregar valor ao negócio.
Em 2021, a empresária Luiza Helena Trajano, sobrinha de Luiza e Pelegrino Donato, foi a única brasileira a figurar na lista da revista norte-americana Times das 100 pessoas mais influentes do mundo e é a 529ª na lista dos maiores bilionários do mundo de 2021, da revista Forbes!
Mais do que buscar talentos no mercado, Luiza Helena Trajano, considerando as aptidões e características dos membros de sua família, estimulou seu filho Frederico Trajano a adquirir o conhecimento e experiência necessários para sucedê-la na gestão da empresa e prepará-lo para exercer o cargo.
Frederico Trajano cresceu trabalhando em diversas áreas do Magazine Luiza, assim como sua mãe, sendo preparado para assumir a presidência, o que ocorreu em janeiro de 2016, com grande êxito ao transformar o negócio familiar, abraçando, desenvolvendo e buscando oportunidades no mercado digital.
O resultado da preparação de duas gerações para a gestão dos negócios: o impressionante crescimento do Magazine Luiza ao abraçar a inovação tecnológica e as constantes transformações sociais e sua eleição como um dos 25 melhores CEOs do Brasil por três anos consecutivos pela revista Forbes, dentre outros prêmios recebidos.
Hoje, o Magazine Luiza é uma das 10 maiores empresas brasileiras e um exemplo de inovação no mercado.
Resistindo aos obstáculos
Hoje, empresas familiares como Amaggi e Cosan estão resistindo aos conflitos familiares que poderiam implodir o patrimônio construído!
Vejamos:
Amaggi
Segundo a revista Forbes, a Família Maggi, que atua principalmente no agronegócio, produzindo e exportando soja, tem uma das maiores fortunas do Brasil, avaliada em US$1,5 bilhões, em 2022.
Um patrimônio, indiscutivelmente, impressionante, mas que hoje se encontra ameaçado por conflitos entre os herdeiros.
A Família Maggi construiu um império produzindo e exportando soja. Seu fundador, foi André Antônio Maggi, o qual em 1977 criou o Grupo Amaggi, em São Miguel do Iguaçu/PR.
O pequeno negócio cresceu e se tornou um império de US$1,5 bilhões.
Em 2001, André Maggi faleceu deixando a gestão de seus negócios e como principal acionista da empresa sua esposa Lucia Maggi.
André e Lucia tiveram 5 filhos, destacando-se na gestão da empresa seu filho Blairo Maggi.
Porém, André Maggi teve um relacionamento extraconjugal, do qual nasceu Carina Maggi Martins. Em 2001, Carina teria recebido o que supostamente seria sua parte da herança; cerca de R$2 milhões, por meio de um acordo extrajudicial.
Hoje, Carina questiona se o valor recebido realmente correspondia ao patrimônio de André Maggi, então avaliado em R$23,9 milhões, valor este muito inferior ao que se noticia na mídia.
Questiona-se o patrimônio de André Maggi que se encontrava em nome de pessoas jurídicas e outras transações que tenham beneficiado os filhos de André e Lucia Maggi, buscando informações financeiras de tais pessoas jurídicas, dentre outras, por meio do Poder Judiciário.
Não se trata de uma história de ficção ou do enredo de uma novela, mas de um caso que realmente está acontecendo.
Ainda que o conflito não esteja entre os filhos do casamento de Lúcia e André, a existência de herdeiro fruto de relação extraconjugal certamente é um fato que tem de ser considerado no planejamento sucessório, considerando que este também tem direitos que devem ser respeitados.
Grupo Cosan
No caso da Cosan, discute-se judicialmente a falsificação de assinatura e documento, o que poderia caracterizar ato ilícito, consequentemente, nulo.
A Família Moreno detinha participação societária no Grupo Cosan por meio de holding familiar Nabla, constituída sob a forma de sociedade anônima. Contudo, em outubro de 2017, o patriarca faleceu, deixando 3 herdeiros.
Desde então, tramita perante o Poder Judiciário ação judicial em que os herdeiros questionam a doação de capital social, realizada em desacordo com a lei.
Não é a primeira, tampouco a última briga familiar da qual se ouve. Os conflitos podem existir em qualquer família, sendo esta uma das principais preocupações de nossos clientes, conjuntamente com a gestão eficaz do patrimônio familiar (https://en.azevedoneto.adv.br/guia-pratico-sobre-os-beneficios-do-planejamento-patrimonial-e-sucessorio/).
Arquitetura Sucessória
A importância da profissionalização da gestão
A profissionalização da gestão é a distinção e segregação dos papéis daqueles que participam ativamente da gestão da empresa, de acordo com os conhecimentos técnicos e habilidades de cada indivíduo, permitindo que cada um deles exerça o seu papel com competência e efetividade.
A função de cada uma das personagens deve ser clara, assim como o entendimento de todo elenco envolvido de que há uma meta comum, pela qual todos devem estar unidos para lutar (https://en.azevedoneto.adv.br/profissionalizacao-da-gestao-preservando-e-aumentando-o-legado-familiar/).
Não estamos falando tão somente da condução dos negócios diários, mas ao estudo e estruturação para se explorar novas oportunidades de negócio, para que o destino do legado familiar não esteja fadado ao fracasso como ocorreu com a Blockbuster, ao não acompanhar o desenvolvimento tecnológico e as tendências de mercado!
Hoje, as empresas familiares de maior sucesso, como o Magazine Luiza, além de preparar os herdeiros e sucessores, está atenta às inovações e necessidades do mercado (https://en.azevedoneto.adv.br/entrevista-com-um-empreendedor-parte-i/)!
Preparando herdeiros e sucessores
O processo de preparação de herdeiros e sucessores pode ser subdivido em duas etapas, sendo a primeira delas a análise dos personagens envolvidos para se perceber as aptidões de cada pessoa, seus interesses e como eles podem contribuir para o desenvolvimento do legado familiar.
Aqueles que possuírem o conhecimento e características necessárias passarão a participar da gestão dos negócios, para entender as decisões e os negócios, possibilitando que essa pessoa entenda como pode contribuir para a manutenção e o crescimento do negócio.
Se verificado que os herdeiros e sucessores não desejam participar dos negócios familiares, deve-se buscar profissionais do mercado.
A profissionalização da gestão, seja por meio da preparação de herdeiros e sucessores, seja por meio da contratação de terceiros, permite a manutenção do legado familiar tão arduamente construído, auxilia na manutenção da harmonia familiar e abre portas às novas possibilidades de crescimento do negócio familiar!
Essa ferramenta existe e está disponível para todos aqueles que desejem utilizá-la, seja pequeno, médio ou grande o seu negócio.
Ainda, o processo de profissionalização, pode integrar o processo de planejamento sucessório e trazer ainda mais benefícios ao legado familiar!
Investindo no Planejamento Sucessório
O planejamento sucessório permite a estruturação antecipada da sucessão do patriarca ou matriarca da família, podendo, conforme o caso, ter as seguintes finalidades:
Economia tributária na sucessão patrimonial;
Preservação patrimonial, por meio de ferramentas que implementam as regras para a administração do patrimônio, após o falecimento do patriarca ou matriarca;
Harmonia das relações familiares;
Proteção patrimonial, para as famílias empresárias, garantindo o sustento familiar em meios às crises e à instabilidade político-econômica;
A profissionalização da administração da empresa familiar; e
Evitar a demora e custos de ação de abertura de inventário, principalmente quando há hostilidade entre herdeiros.
O planejamento é um investimento a ser feito na preservação do patrimônio, que utiliza como ferramentas não apenas holdings patrimoniais e doações. Há muitos outros recursos cujo uso deve ser avaliado de acordo com o caso prático e com as prioridades de cada família (https://en.azevedoneto.adv.br/guia-pratico-sobre-os-beneficios-do-planejamento-patrimonial-e-sucessorio/).
Consulte um de nossos advogados especializado para entender os benefícios da arquitetura sucessória ao seu caso e como preservar seu patrimônio familiar para as gerações futuras!
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